Terça-feira, 31 de Outubro de 2006

...linger...

Num post atrás relatei a complexidade que todos nós tentamos ultrapassar quando nos relacionamos com outras pessoas, e na altura falei também na necessidade de incluirmos manuais para que nos conseguíssemos compreender assim como ser compreendidos, mas como isso seria inexequível, construí através de coisas completamente banais um outro manual, manual esse (que de certeza terá tanto de inocente, como de utópico), mas que me ajuda quando me sinto um pouco mais em baixo, e sinceramente espero que possa fazer o mesmo por quem o ler…
Aproveitem o poder e a beleza da vossa juventude, ou esqueçam, nunca entenderão o poder e a beleza da vossa juventude até que ela comece a desaparecer. Mas acreditem em mim, daqui a 20 anos olharão para as vossas fotos e lembrar-se-ão de uma forma incompreendida o potencial que disponham à vossa frente… e o quão belos realmente eram… não estávamos tão gordos como imaginávamos estar.
Não se preocupem com o futuro, ou preocupem-se mas sempre percebendo que preocupar-se é tão ou mais efectivo que tentar resolver um problema de álgebra apenas mastigando uma pastilha. As verdadeiras preocupações da vida são aquelas que nunca cruzaram as nossas mentes preocupadas… são aquelas em que ficamos obcecados às 4h da manhã numa qualquer terça-feira…
Façam algo todos os dias que vos amedronte.
Cantem.
Não sejam descuidados com os corações dos outros, não se envolvam com pessoas que são descuidadas com os vossos corações.
Não percam tempo com invejas, por vezes lideramos, por vezes vamos atrás, a corrida é longa. E no fim corremos contra nós próprios…
Lembrem-se dos elogios que receberam, esqueçam os insultos… e se tiverem sucesso em fazer isto, ensinem-me como.
Guardem as vossas antigas cartas de amor, deitem fora os vossos extractos bancários.
Não se sintam culpados se não sabem o que fazer com as vossas vidas… as pessoas mais interessantes que conheço aos 22 anos ainda não sabiam o que fazer na vida,  as mais interessantes que conheço, aos 40 ainda não o sabem!
Cuidem da vossa saúde.
Talvez se casem, ou talvez não, talvez tenham filhos, ou talvez não, talvez se divorciem aos 40, ou talvez dancem no 75º aniversário de casados… o que quer que façam, não percam a humildade, nem se desvalorizem também, as vossas escolhas têm 50% de hipóteses de serem bem sucedidas, assim como as de todas as outras pessoas.
Apreciem o vosso corpo, a aproveitem-no da melhor forma possível… não tenham medo dele, ou do que as outras pessoas possam pensar… no fundo é o melhor instrumento que alguma vez possuirão!
Dancem… mesmo que não tenham outro lugar que não seja o vosso quarto!
Leiam as direcções, mesmo que não as sigam…
Não leiam revistas de beleza e moda, só vos farão sentir feios…
Interessem-se em conhecer os vossos pais, nunca saberão quando eles já não estarão por perto para vos apoiar…
Sejam agradáveis para os vossos familiares, eles são a vossa melhor ligação ao passado e de certeza os mais prováveis a vos dar a mão no futuro…
Compreendam que os amigos chegam e partem, mas ao mais preciosos devemos guardá-los e estimá-los…
Esforcem-se para suprimir as falhas entre a geografia e a forma de vida, pois à medida que envelhecemos, mais precisamos das pessoas que conhecíamos quando éramos novos.
Vivam pelo menos uma vez numa grande cidade mais partam antes de perderem as emoções, vivam numa pequena aldeia mas partam antes de se tornarem muito emotivos.
Viajem.
Aceitem certas e inegáveis verdades, os preços subirão, os políticos continuaram a não cumprir as promessas, e todos nós envelheceremos, e quando o fizermos, perceberemos então que quando éramos jovens, os preços eram razoáveis, os políticos eram notáveis, e que as crianças respeitavam os mais velhos…
Respeitem os mais velhos…
Não esperem que ninguém vos apoie. Talvez tenham uma poupança, talvez casem com alguém rico, de qualquer das maneiras, nunca saberão quanto tempo essa riqueza vai durar…
Não mexam muito com o vosso corpo, pois quando chegarem aos 45 vão parecer 80!
Tenham cuidado com quem decidem tomar conselhos, mas sejam pacientes com aqueles que estão disponíveis para os dar. Um conselho é uma forma de nostalgia, dispensá-lo é uma maneira de rebuscar o passado arquivado, limpá-lo, pintá-lo sobre as partes feias e recicla-lo por mais do que aquilo que ele vale…
 
 
(iN)difeRente, dichter schreiben einsam…

Sexta-feira, 13 de Outubro de 2006

Grito no vazio

A cada dia que passa a inércia é maior, e nada me seduz de modo a voltar a esta realidade, cada dia que passa é mais um pedaço de mim, da minha inocência que me é arrancado sem apelo nem agravo… tatuagens que não saram, feridas que fazem questão de não cicatrizar, lembrando-me num tormento ininterrupto a não voltar a cometer os mesmo erros, mas cada passo que marco, mesmo que seja correndo dou por mim no mesmo sitio, voltando a fazer o que sob lágrimas outrora prometi não voltar a fazer… e com a crueldade pontual de um relógio suíço tudo se repete, com uma precisão quase maquiavélica… talvez tenha sido para isso que tenha nascido, ou será que foi este o buraco que cavei, o mais certo é que seja o que foi talhado para mim, onde, não sei nem por quem, para todos os träumers como eu, talvez… a solução não está à vista, nem será de fácil acesso, pelo menos não por agora… como poderia, nada do que é bom nasce do dia para a noite (mas o tempo é algo que vai escaciando), e dizem os entendidos que “sofrido sabe melhor…”, que entendem eles digo eu?! Já sofreram???

Experimentei de tudo, a inércia foi um tempo, depois veio revolta… também nada de diferente trouxe… cada pedrada no charco que dou transforma-se rapidamente num maremoto que obviamente me deixa mais longe, e quanto mais luto, mais fundo sinto estar, como se caminhasse sobre areias movediças… e as forças são sugadas, e fico enclausurado nas minhas próprias teias, que seriam supostamente a minha forma de escapar, revolta também não é o caminho… e grito, grito no vazio, pois a voz não se propaga, a dor não acaba e tudo volta ao inicio, como se de um carrossel doentio se tratasse e o bilhete é pago com a minha vida… sinceramente, dispenso… quero sair, mas… deve haver alguma parte de mim que sadisticamente se diverte, pois não pára!

E volto a gritar, numa voz que se cala, ou que é abafada ou que não interessam ouvir(!), para quê? Se nada têm a ganhar… desde que na próxima crise eu esteja lá de novo para os ajudar a juntar os cacos das suas frágeis vidas, é o que importa, na altura de retribuir, os ouvidos que antes ouviram proferir palavras de apoio e carinho fecha-se, tornando-se insensíveis aos sinais que projecto… e o ruído volta a tornar-se ensurdecedor, e por mais que tente, reunindo as forças que me sobram volta a não sair, a voz que se prende, ou será que sai, mas ninguém escuta de novo… o ruído… estou confuso… fecha os olhos, quando os voltares a abrir tudo será diferente, para melhor, tento convencer-me que esta voz suave que invade o meu espaço não me mentirá, será verdade… e a medo volto a abrir… pouco a pouco, mas nada…tudo na mesma, a cruel realidade de voltar a enfrentar tudo de novo, como se tivesse escalado o Evereste e descobrisse que ainda há uma montanha maior à sua frente disponível para ser conquistada, e como uma criança, a primeira reacção é que tudo está partido, mas não, tudo está normal, assim é a normalidade da anormalidade!

Mais um dia, menos um dia, pouco importa e entre as quatro paredes, meu santuário de clausura onde escrevo estas palavras incessantes, e no fim já nada é diferente, tudo sabe ao mesmo, monótono, cinzento, tristonho… e volto a cair na inércia, a minha única vontade é a vontade de nada fazer, não me mexer, deixar o tempo passar sem que por nada me toque na esperança que apareça, vindo do nevoeiro o cavalo branco… tal qual como no dia que desapareceu sem motivo, para nunca mais voltar…

 

(iN)difeRente, dichter schreiben einsam…


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