A cada dia que passa a inércia é maior, e nada me seduz de modo a voltar a esta realidade, cada dia que passa é mais um pedaço de mim, da minha inocência que me é arrancado sem apelo nem agravo… tatuagens que não saram, feridas que fazem questão de não cicatrizar, lembrando-me num tormento ininterrupto a não voltar a cometer os mesmo erros, mas cada passo que marco, mesmo que seja correndo dou por mim no mesmo sitio, voltando a fazer o que sob lágrimas outrora prometi não voltar a fazer… e com a crueldade pontual de um relógio suíço tudo se repete, com uma precisão quase maquiavélica… talvez tenha sido para isso que tenha nascido, ou será que foi este o buraco que cavei, o mais certo é que seja o que foi talhado para mim, onde, não sei nem por quem, para todos os träumers como eu, talvez… a solução não está à vista, nem será de fácil acesso, pelo menos não por agora… como poderia, nada do que é bom nasce do dia para a noite (mas o tempo é algo que vai escaciando), e dizem os entendidos que “sofrido sabe melhor…”, que entendem eles digo eu?! Já sofreram???
Experimentei de tudo, a inércia foi um tempo, depois veio revolta… também nada de diferente trouxe… cada pedrada no charco que dou transforma-se rapidamente num maremoto que obviamente me deixa mais longe, e quanto mais luto, mais fundo sinto estar, como se caminhasse sobre areias movediças… e as forças são sugadas, e fico enclausurado nas minhas próprias teias, que seriam supostamente a minha forma de escapar, revolta também não é o caminho… e grito, grito no vazio, pois a voz não se propaga, a dor não acaba e tudo volta ao inicio, como se de um carrossel doentio se tratasse e o bilhete é pago com a minha vida… sinceramente, dispenso… quero sair, mas… deve haver alguma parte de mim que sadisticamente se diverte, pois não pára!
E volto a gritar, numa voz que se cala, ou que é abafada ou que não interessam ouvir(!), para quê? Se nada têm a ganhar… desde que na próxima crise eu esteja lá de novo para os ajudar a juntar os cacos das suas frágeis vidas, é o que importa, na altura de retribuir, os ouvidos que antes ouviram proferir palavras de apoio e carinho fecha-se, tornando-se insensíveis aos sinais que projecto… e o ruído volta a tornar-se ensurdecedor, e por mais que tente, reunindo as forças que me sobram volta a não sair, a voz que se prende, ou será que sai, mas ninguém escuta de novo… o ruído… estou confuso… fecha os olhos, quando os voltares a abrir tudo será diferente, para melhor, tento convencer-me que esta voz suave que invade o meu espaço não me mentirá, será verdade… e a medo volto a abrir… pouco a pouco, mas nada…tudo na mesma, a cruel realidade de voltar a enfrentar tudo de novo, como se tivesse escalado o Evereste e descobrisse que ainda há uma montanha maior à sua frente disponível para ser conquistada, e como uma criança, a primeira reacção é que tudo está partido, mas não, tudo está normal, assim é a normalidade da anormalidade!
Mais um dia, menos um dia, pouco importa e entre as quatro paredes, meu santuário de clausura onde escrevo estas palavras incessantes, e no fim já nada é diferente, tudo sabe ao mesmo, monótono, cinzento, tristonho… e volto a cair na inércia, a minha única vontade é a vontade de nada fazer, não me mexer, deixar o tempo passar sem que por nada me toque na esperança que apareça, vindo do nevoeiro o cavalo branco… tal qual como no dia que desapareceu sem motivo, para nunca mais voltar…
(iN)difeRente, dichter schreiben einsam…
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